sábado, 19 de junho de 2010

PARA COMEMORAR -Dep. HUGO LEAL ACERTOU

Balanço do primeiro ano da Lei Seca: mortes no trânsito do Rio caem 32%, a maior redução do país

O Estado do Rio obteve os melhores resultados de todo o Brasil contra a violência no trânsito após o início da vigência da Lei Seca, em 20 de junho de 2008. Um balanço divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, no Rio, mostra que o número de mortes em acidentes caiu 32% nos 12 meses após o cerco aos que bebem e dirigem, em comparação com os 12 meses anteriores. A redução no Rio foi de 2.169 para 1.475 óbitos, a maior entre os 26 estados e o Distrito Federal. É como se 694 vidas tivessem sido poupadas após as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que aumentaram as penas para o motorista que associa álcool e volante. Para o governo federal, os dados indicam que a fiscalização tem sido eficiente e que a sociedade está se conscientizando.
O Rio também figura no topo do ranking dos estados que mais baixaram a taxa de mortalidade - uma medida da carnificina no trânsito em termos relativos. Antes da Lei Seca, morriam em acidentes 12,7 pessoas por cem mil habitantes - índice que passou para 8,5, uma variação para menos de 32,5%.
No Brasil, a queda no número absoluto de mortes foi de 2.302 óbitos (de 37.161 para 34.859), o que corresponde a 6,2%. Já a taxa de mortalidade passou de 18,7 por cem mil habitantes para 17,3 (7,4% a menos). Para o ministério, é possível atribuir os avanços à Lei Seca porque havia uma tendência histórica de crescimento da violência e, no período analisado, o único fator novo de redução foi a nova legislação, sancionada em junho de 2008 pelo presidente Lula. Ministro:

"Twitter não adianta nada"

Em 17 estados, houve menos mortes. Além do Rio, os resultados mais expressivos foram os de Espírito Santo (18,6% a menos), Alagoas (menos 15,8%), Distrito Federal (menos 15,1%) e Santa Catarina (menos 11,2%). Os demais registraram aumento, com destaque para Rondônia (10,6% a mais), Sergipe (mais 9,1%), Amapá (mais 6,9%) e Paraíba (mais 6,5%). A taxa de mortalidade caiu em 15 estados, fora o Rio. Ela cresceu principalmente em Rondônia (10%), Sergipe (8,6%), Amapá (5,6%) e Amazonas (5,5%). As disparidades indicam que, pelo país afora, o engajamento dos órgãos de fiscalização à lei é desigual.
Durante a apresentação dos números, o ministro José Gomes Temporão não poupou elogios ao governador Sergio Cabral (PMDB), candidato à reeleição. Disse que o desempenho do estado expressa compromisso político. E criticou o Twitter da Lei Seca, que informa aos seguidores os locais das blitzes, criada no ano passado:
- Não adianta nada. Essa twittada está perdendo para a estratégia e a sagacidade da campanha.

Temporão afirmou que, durante décadas, o país tentou reduzir as estatísticas de morte no trânsito, fortemente influenciadas pelo uso de álcool, mas agora começa a conseguir resultados, embora ainda seja necessário avançar:
- A sociedade brasileira precisava de um pai, e o pai apareceu na figura da lei: normas, limites.
O ministério destacou indicadores que expressam mudança no comportamento dos motoristas. As pessoas que admitiam dirigir após consumo abusivo de álcool eram 2,1% em 2007 (ano anterior à lei), percentual que caiu para 1,4% em 2008. No ano passado, houve ligeiro aumento (1,7%), mas ainda abaixo do patamar inicial. Isso pode indicar que, pouco a pouco, setores da população estão perdendo o medo das blitzes.
Conforme os levantamentos apresentados nesta sexta-feira, o comportamento de risco é maior entre homens, embora esteja em tendência de queda. Adultos de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos são os que mais dirigem depois de beber.
O governo do Rio divulgou o seu balanço da Operação Lei Seca. Conforme dados do Corpo de Bombeiros, houve menos 5.037 pessoas mortas, mutiladas e feridas nos primeiros 13 meses de vigência do esquema de fiscalização, implantado na capital e cidades da Região Metropolitana, comparando-se com os 13 meses anteriores. Em 23 bairros do Rio, o número de mortos caiu expressivamente. Em Anchieta, as ocorrências zeraram. Na Barra da Tijuca, caíram de 70 para 40.
O porta-voz da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes, disse que o uso de álcool hoje é prática da minoria dos motoristas. No total, 220 mil já sopraram o bafômetro, mas só em 1,4% foi detectado álcool no sangue acima dos limites permitidos. Há indicativos, segundo ele, de que a resistência à fiscalização está diminuindo:
- No início, entre 10% e 12% se recusavam a soprar. Agora, o percentual é de 5,5% - comparou. - As pessoas estão entendendo que a lei não é contra elas, mas a favor da vida. Cada vez mais, recorrem ao amigo da vez e a meios de transporte como vans, metrô, ônibus e táxis.

Rendimento de táxis aumenta 30%

Lopes lembrou também o esforço das equipes de fiscalização que trabalham nas ruas do estado. De acordo com Lopes, são sete grupos, com 20 pessoas cada, que participam de blitzes em vários pontos da cidade, todos os dias da semana. Há ainda o diferencial de 30 cadeirantes também abordarem os motoristas.
Os taxistas da capital têm motivos de sobra para comemorar a Lei Seca. Segundo o governo, o rendimento deles aumentou, em média, 30%.
As blitzes da Lei Seca no Rio acontecem, prioritariamente, nos locais de maior incidência de acidentes. A Avenida Brasil aparece em primeiro lugar no ranking, seguida de outras vias de grande movimento como as avenidas das Américas e Presidente Vargas.
Especialista em prevenção de acidentes e membro da Câmara Técnica de Educação e Cidadania do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Fernando Pedrosa acredita que o Rio teve o destaque merecido, mas não pode descuidar para não perder os resultados.
- O Rio conseguiu uma redução que é quase o dobro da obtida pelo estado do Espírito Santo, que ficou em segundo lugar. Isso é muito bom. Só foi possível porque houve uma decisão de tratar a lei como uma política pública, de governo. Mas a lei ainda é uma criança, precisa de cuidados paternos, não podemos descuidar. No Japão, a lei, que era muito rigorosa, só começou a ser abrandada depois que a sociedade passou a corresponder espontaneamente. Ainda não chegamos a esta fase - avaliou.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

seu comentário é muito importante

Violência na Escola

       No último final de semana, fomos surpreendidos com mais um caso de violência física em ambiente escolar. Um adolescente autista, foi ...