terça-feira, 8 de novembro de 2022

Violência na Escola

 


     No último final de semana, fomos surpreendidos com mais um caso de violência física em ambiente escolar. Um adolescente autista, foi agredido por um colega de classe. Segundo os relatos da mãe da vítima, o filho foi agredido com um mata leão durante o intervalo de aula. Muitos são os desafios no ambiente escolar nos dia hoje. As unidades de ensino recebem seus alunos dos mais variados núcleos familiares e no universo escolar, todos acabam por transbordar sua emoções e comportamentos. Todos os contextos da convivência familiar passam a conviver e dividir momentos no ambiente escolar. Os conflitos, necessidades, carências, violência e tantas outras vivências se juntam e demandam, cada dia mais, um cuidado especial. Uma atitude violenta pode ser um grito de socorro, um sinal explicito da necessidade ou, até mesmo, um extrapolar do ambiente vivenciado em casa.   

     O caso em questão gerou grande repercussão, pois a vítima é um adolescente autista. Com tudo, sabemos que as cenas de violência vem se tornando algo comum nas Escolas e vem demandando atenção de autoridades, profissionais e famílias. Podemos identificar dois tipos de violência nas escolas. A violência onde alunos se aproveitam de uma deficiência, timidez ou condição social da vítima para satisfazer uma necessidade de prazer temporário ou afirmação de certa superioridade. Esse tipo de violência pode ser física ou psicológica e é chamada de Bullying. Essa foi a violência sofrida pelo adolescente na Escola Particular em Belo Horizonte, pois o colega se aproveitou de sua fragilidade. O bullying vem ganhando destaque e sendo combatido no ambiente escolar com um intenso trabalho de conscientização e amplo acompanhamento dos gestores escolares. Outra forma de violência presente nas Escolas e mais comum, são as agressões físicas na busca equivocada para solução de conflitos ou conquista de espaço. Esse tipo de violência reflete a forma na qual nossa juventude vivencia no seu ambiente familiar e social. Percebemos que esse tipo de violência se torna mais comum, na medida em que encontramos maior vulnerabilidade social e menor oferta de oportunidade de desenvolvimento humano. Já o bullying, tem particularidades nos diferentes grupos sociais. Quando encontramos grupos socialmente privilegiados, percebemos maior incidência de violência psicológica ou discriminatória, já nas camadas mais vulneráveis, percebemos que a violência se concentra mais através de termos pejorativos como apelidos.

     Seja qual for a violência, precisamos nos debruçar sobre o tema e buscar soluções adequadas a cada caso e realidade. Por mais que um ato de violência desperte um sentimento ruim e o desejo de punição ao agressor, precisamos entender que as crianças e adolescentes que praticam violência, são vítimas que fazem outras vítimas. É claro que nenhum ato de violência pode ficar sem suas consequências e os agressores, guardadas suas proporções, devem ser responsabilizados e receberem medidas que visem reparar danos e educar para a não violência, mesmo que essas medidas sejam as denominadas protetivas. Toda e qualquer ação de violência reflete um estado emocional ou uma transgressão de conduta adquirida por meio de falhas no processo de desenvolvimento ou alguma patologia não identificada, não tratada ou negligenciada. Precisamos ter o cuidado para não se preocupar apenas com as consequências da violência e esquecer sua motivação. Uma doença, mesmo as de caráter social, precisa ser tratada na sua causa e não apenas em seus sintomas.

     Algumas Escolas, incluíram disciplinas de cultura da paz em sua grade curricular para possibilitar uma melhor abordagem dos conflitos e construir meios para minimizar os impactos sobre a vida dos alunos e criar um ambiente escolar mais saudável e, consequentemente, levar a reflexos positivos no ambiente social e familiar. Nossa organização familiar e social vem sofrendo grandes transformações, mas o escolar vem ficando cada vez mais obsoleto e carente de práticas que permita conjugar o ensino regular com uma maior integração, ampliação do debate dos problemas atuais e solução dos conflitos através de soluções construídas pelos próprios atores. 

      Já passou da hora de uma restruturação do nosso sistema educacional e uma maior atenção sobre a saúde mental de nossa juventude e seu complexo desenvolvimento. É preciso entender que não é possível separar as questões do universo escolar da do familiar e social, pois estes se completam e se integram. O conteúdo pedagógico é fundamental para a construção do sucesso profissional, mas este não pode ser pleno sem as soluções das questões pessoais. Cuidar do conteúdo programático é importante, mas se não cuidarmos do emocional, teremos uma sociedade cada vez mais adoecida. Escola é lugar de aprender, mas também precisa ser um lugar para cuidar.

Violência na Escola

       No último final de semana, fomos surpreendidos com mais um caso de violência física em ambiente escolar. Um adolescente autista, foi ...