
No Brasil, a queda no número absoluto de mortes foi de 2.302 óbitos (de 37.161 para 34.859), o que corresponde a 6,2%. Já a taxa de mortalidade passou de 18,7 por cem mil habitantes para 17,3 (7,4% a menos). Para o ministério, é possível atribuir os avanços à Lei Seca porque havia uma tendência histórica de crescimento da violência e, no período analisado, o único fator novo de redução foi a nova legislação, sancionada em junho de 2008 pelo presidente Lula. Ministro:
Em 17 estados, houve menos mortes. Além do Rio, os resultados mais expressivos foram os de Espírito Santo (18,6% a menos), Alagoas (menos 15,8%), Distrito Federal (menos 15,1%) e Santa Catarina (menos 11,2%). Os demais registraram aumento, com destaque para Rondônia (10,6% a mais), Sergipe (mais 9,1%), Amapá (mais 6,9%) e Paraíba (mais 6,5%). A taxa de mortalidade caiu em 15 estados, fora o Rio. Ela cresceu principalmente em Rondônia (10%), Sergipe (8,6%), Amapá (5,6%) e Amazonas (5,5%). As disparidades indicam que, pelo país afora, o engajamento dos órgãos de fiscalização à lei é desigual.
Durante a apresentação dos números, o ministro José Gomes Temporão não poupou elogios ao governador Sergio Cabral (PMDB), candidato à reeleição. Disse que o desempenho do estado expressa compromisso político. E criticou o Twitter da Lei Seca, que informa aos seguidores os locais das blitzes, criada no ano passado:
- Não adianta nada. Essa twittada está perdendo para a estratégia e a sagacidade da campanha.
- A sociedade brasileira precisava de um pai, e o pai apareceu na figura da lei: normas, limites.
O ministério destacou indicadores que expressam mudança no comportamento dos motoristas. As pessoas que admitiam dirigir após consumo abusivo de álcool eram 2,1% em 2007 (ano anterior à lei), percentual que caiu para 1,4% em 2008. No ano passado, houve ligeiro aumento (1,7%), mas ainda abaixo do patamar inicial. Isso pode indicar que, pouco a pouco, setores da população estão perdendo o medo das blitzes.
Conforme os levantamentos apresentados nesta sexta-feira, o comportamento de risco é maior entre homens, embora esteja em tendência de queda. Adultos de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos são os que mais dirigem depois de beber.
O governo do Rio divulgou o seu balanço da Operação Lei Seca. Conforme dados do Corpo de Bombeiros, houve menos 5.037 pessoas mortas, mutiladas e feridas nos primeiros 13 meses de vigência do esquema de fiscalização, implantado na capital e cidades da Região Metropolitana, comparando-se com os 13 meses anteriores. Em 23 bairros do Rio, o número de mortos caiu expressivamente. Em Anchieta, as ocorrências zeraram. Na Barra da Tijuca, caíram de 70 para 40.
O porta-voz da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes, disse que o uso de álcool hoje é prática da minoria dos motoristas. No total, 220 mil já sopraram o bafômetro, mas só em 1,4% foi detectado álcool no sangue acima dos limites permitidos. Há indicativos, segundo ele, de que a resistência à fiscalização está diminuindo:
- No início, entre 10% e 12% se recusavam a soprar. Agora, o percentual é de 5,5% - comparou. - As pessoas estão entendendo que a lei não é contra elas, mas a favor da vida. Cada vez mais, recorrem ao amigo da vez e a meios de transporte como vans, metrô, ônibus e táxis.
Os taxistas da capital têm motivos de sobra para comemorar a Lei Seca. Segundo o governo, o rendimento deles aumentou, em média, 30%.
As blitzes da Lei Seca no Rio acontecem, prioritariamente, nos locais de maior incidência de acidentes. A Avenida Brasil aparece em primeiro lugar no ranking, seguida de outras vias de grande movimento como as avenidas das Américas e Presidente Vargas.
Especialista em prevenção de acidentes e membro da Câmara Técnica de Educação e Cidadania do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Fernando Pedrosa acredita que o Rio teve o destaque merecido, mas não pode descuidar para não perder os resultados.
- O Rio conseguiu uma redução que é quase o dobro da obtida pelo estado do Espírito Santo, que ficou em segundo lugar. Isso é muito bom. Só foi possível porque houve uma decisão de tratar a lei como uma política pública, de governo. Mas a lei ainda é uma criança, precisa de cuidados paternos, não podemos descuidar. No Japão, a lei, que era muito rigorosa, só começou a ser abrandada depois que a sociedade passou a corresponder espontaneamente. Ainda não chegamos a esta fase - avaliou.