quarta-feira, 8 de junho de 2011

DE QUEM É A CULPA?

Hoje, um ato impensado e cruel deu fim à vida de um pai de família e com certeza foi o ato principal para a criação de mais dois futuros descumpridores da lei. Dois adolescentes, um de 14 e outro de 15 subiram para Petrópolis no intuito de roubarem uma motocicleta e acabaram matando o proprietário, um senhor de 51 anos, pai de família, trabalhador e dono de um comportamento exemplar e digno de todo respeito. Não tenho dúvidas de que os dois merecem e devem pagar pelo seu ato, mesmo sabendo que qualquer que seja a medida aplicada não trará de volta a vida perdida. Fato é que todos os dias essa notícia se repete e se torna cada vez mais comum. Chega um ponto que encaramos esses acontecimentos como se fossem normais e que fatalidades desse tipo acontecem. É a banalidade do trágico.

Tenho que confessar que o meu coração ficou triste quando me deparei com os dois adolescentes na Delegacia. Vi duas vidas com tudo pela frente sendo perdidas. Vi-me em meio de dois sentimentos: o de achar bárbaro o que eles fizeram e a dor de saber que de alguma forma esse fato era pontapé inicial para que eles entrem na criminalidade. Será que os dois nunca deram sinais de que precisavam de ajuda? Será que já foram acolhidos por algum agente Público que poderia ter identificado as necessidades e ter agido para que a situação de hoje não tivesse acontecido? Será que as necessidades foram identificadas e faltaram mecanismos ou políticas públicas que possibilitassem uma mudança? Como sociedade, devo me sentir um pouco responsável por isso?

Os adolescentes são de comunidade com sérios problemas sociais e com certeza cresceram em um ambiente no mínimo desinteressante sem o mínimo para crescerem e se desenvolverem bem. Clero que ouvirei comentários e inúmeros exemplos de pessoas que nasceram e cresceram na miséria e nem por isso entraram pro crime, ao contrário, hoje são pessoas bem sucedidas e vivem dignamente. Cada pessoa é única e não podemos achar que todos devem lidar com as situações da mesma forma, mas entender que cada pessoa tem uma reação sobre fatos considerados parecidos. Há pessoas que entram em uma profunda depressão quando perde um ente querido, enquanto outras lidam de forma espetacular e conseguir seguir a vida entendo que a morte é inevitável e que viver é preciso. Há pessoas que após uma decepção amorosa encontra grandes dificuldades em se relacionar com outras pessoas, enquanto outras viram a página e seguem em frente e não encontram dificuldades em se entregar a um novo amor. Assim são as pessoas e a psique é terreno desconhecido e ainda a ser muito explorado.

Nossa infância e juventude estão desorientadas, as famílias fragilizadas, as instituições públicas são inoperantes, ineficazes e desinteressadas, a políticas não são continuadas e se perdem ou são esquecidas diante de uma conveniência ou um novo governo. Faltam políticas de Estado e não de governo, pois os governos passam e os problemas perpetuam e se ampliam, fazendo vítima não apenas àqueles que perdem sua vida corpórea, mas também àqueles que perdem sua vida tão cheia de vida e acabam vivendo como ve4rdadeiros mortos, sem perspectivas, sonhos e horizonte, mas tomados de uma idéia errada, com heróis distorcidos e sentido de vida limitados ao momento e não a construção de uma vida que se quer sabem que é possível.

O senso comum pede rigor e penalidades mais duras, mas a razão deve exigir amor a vida, respeito à dignidade humana e valorização das famílias. A vida precisar ser menos banalizada, o ser humano precisa ser valorizado pelo que é e não pelo que tem ou pela família a que pertence e família deve receber atenção especial, pois é o berço da sociedade e família doente é sociedade doente e a verdade é que nossa sociedade está à beira da morte, pois a família a cada dia é enfraquecida e ferida de morte pelas aberrações sociais que são propostas e colocadas como algo muito normal.

Insisto em reafirmar minha posição: concordo com todas as reformulações legais que são propostas no que se refere à criminalidade, mas depois que todas as reformas sociais necessárias acontecerem. O Brasil não precisa de mais leis ou de penas mais severas, precisamos de mais respeito, mais dignidade, de políticos que tenham coragem de colocar seus interesses em segundo plano e encare os sérios problemas que temos com disposição, honestidade e amor aos seus (população). Quando os pais puderam acordar e colocar seus filhos na Escola e terem a certeza de que receberão durante todo o dia um tratamento digno e sairão verdadeiramente preparados para a vida, teremos uma sociedade melhor. Quando no currículo escolar estiver presente a necessidade de se ensinar na Escola que não somos frutos de diversos contratos que assinamos tacitamente no decorrer de nossa vida, mas somos todos seres humanos merecedores de atenção e cuidados para que possamos viver em harmonia e em paz, teremos uma sociedade melhor e quando chegarmos à conclusão de que não somos fruto de uma mágica biológica ou um espetáculo da natureza, mas somos fruto de uma criação ou de um criador que nos planejou e precisamos assim reconhecê-lo. Somos filhos de DEUS e precisamos viver como irmãos.

Sonho no dia em nossas crianças e adolescentes serão realmente prioridade absoluta e quando isso acontecer saberei que os problemas dos adultos e dos idosos serão bem menores do que hoje, pois quando cuidamos de nossa juventude damos a garantia que no futuro teremos muitas pessoas bem preparadas e um garantia de que os nossos jovens hoje se tornarão adultos e idosos mais protegidos. Investir na criança e no adolescente não é gasto Público, mas um fundo de investimento a médio e longo prazo que trará lucros e dividendos inacreditável, tanto financeiramente quanto socialmente. O problema é que vivemos numa sociedade imediatista e assim como a sociedade em que vivemos, nossos governantes querem fazer o que renderá votos hoje e não um amanhã melhor.

A Criança e o Adolescente em primeiro lugar.

Rodrigo Lopes – Camelo

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